Relato de uma paixão efêmera

              A gata na janela


Clarice LispectorCheguei em casa... tarde... dia cansativo... final de semestre... provas. Fui à cozinha e lá estava ela... uma gata me olhando da janela. Não é todo dia que ela está lá. Ela vem quando quer... mostra interesse da mesma forma. Antes mantinha distância, me fitava de longe. Quando quer chamar minha atenção caminha de um lado ao outro ou arranha o vidro. Tento ignorá-la mas não consigo, abro o vidro estendo a mão e ela vem... ronronando com um olhar intenso. Então eu pensei "...eu não sou sua dona por quê vens a minha janela?"

Felina... sagaz... misteriosa... Depois que ela se foi logo me veio você na cabeça. Analogia na certa:  não sei onde você mora, não sei o que você quer, surgiu do nada... também não é meu... mas mexe comigo. A questão é que eu ainda não sabia como agir, tentava pegar a gata no colo... bichinha arisca... mantinha-se na janela onde inteligentemente controlava.
Passei alguns dias só, você sumiu. Tudo resolvido, pois já era de se esperar... é da natureza dos gatos. E hoje ao olhar a janela vazia Clarice soprou aos meus ouvidos, consolando-me quanto a frieza felina:


"...Suponho que me entender não é uma questão de inteligência 

     e sim de sentir, de entrar em contato... Ou toca, ou não toca..." 
( Clarice Lispector)     
                                                          
                                                                                                               *Autoria: Carla França - Ago/2009.                                                                                      


Comente com o Facebook:

0 comentários: