Sustentabilidade e Consumo Consciente

Consumo Consciente - Instituto Akatu

A primeira vez que percebi o tamanho da conexão existente entre a Psicologia e a Sustentabilidade foi em uma conversa com uma amiga de faculdade, quando estávamos ainda definindo os temas para o TCC e conversando sobre os pré-projetos no quarto ano da graduação. Nascida em uma cidade do interior de São Paulo, essa amiga fez uma pesquisa que buscava comparar em uma amostra o nível da consciência ambiental dos habitantes de sua cidade e da cidade de S.P., além de observar também a relação de consumo estabelecida pelo participantes. Na época a discussão resultante deste trabalho virou o TCC dela (maravilhoso) e desde nossa conversa minha visão sobre susentabilidade se ampliou.

O Instituto Akatu  lançou uma série de videos, chamada Consumo Consciente, muito bacana que traz reflexões sobre o consumo desenfreado, o ritmo de produção, os impactos negativos causados ao planeta, a supremacia do "ter para ser", o apelo publicitário e as consequências que tudo isso traz para os individuos, bem como o impacto causado em diferentes esferas nas relações cotidianas. Meu episódio preferido é o 08 (ao lado) que faz comparações entre um jovem jacaré e um jovem humano, ele sintetiza tudo que penso sobre este assunto de um modo divertido.

Outro video que traz reflexões sobre estes pontos chama-se "A história das coisas" (abaixo), muito mais crítico e politico contextualiza o consumo excessivo gerado por uma economia que valoriza o acúmulo de riquezas, supérfluos e todo ciclo voraz e desumano gerado pelo consumismo. Neste são apresentados resultados de anos de pesquisas sobre esta temática pela criadora do vídeo Annie Leonard. Veja o trecho da entrevista realizada com a autora pelo jornalista especializado em sustentabilidade Efraim Neto que escreve artigos para a plataforma Mercado Ético.

EN – Em seu livro, você traz diversos questionamentos a respeito do estilo de vida humano. Qual a principal mensagem que você pretende transmitir com a História das Coisas? 
AL – Minha mensagem principal é que podemos produzir coisas melhores e com menos. A mudança é possível. O nosso meio ambiente e corpos estão repletos de produtos químicos tóxicos. A nossa economia, por meio do consumo excessivo, gera quantidades enormes de resíduos e trata as pessoas pobres como descartáveis. Não precisa ser dessa maneira. Pode ser diferente. Com melhores tecnologias, políticas e mudanças na cultura, podemos ter uma sociedade que seja saudável, sustentável e justa.
EN – Qual o nosso maior desafio? Mudar a economia ou mudar as nossas atitudes? 
AL – Precisamos fazer as duas coisas. A crise ecológica e social que enfrentamos é tão grande e tão interligada que todos nós estamos envolvidos. Precisamos mudar nossas políticas econômicas e industriais de modo a promover ambientes saudáveis, sustentáveis e meios justos de produção, assim como nos libertamos dessa obsessão pelo consumo. Basicamente, precisamos apertar o “reset” em nossa sociedade. Precisamos de diferentes tipos de edificações e de um novo planejamento urbano que incentive o transporte público e a congregação entre as comunidades. Precisamos redesenhar produtos para que eles possam estar livres de produtos químicos tóxicos e terem maior durabilidade. Precisamos de um sistema de gestão dos resíduos que incida sobre a reutilização e não apenas na queima ou soterramento das “coisas”. Com a mudança nas sociedades, os líderes e os empresários serão obrigados a pôr a sustentabilidade em prática. As leis precisam mudar junto com as atitudes. Está tudo interligado.

Mais poesia no divã (Drummond)



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a criança e a felicidade



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              A gata na janela


Clarice LispectorCheguei em casa... tarde... dia cansativo... final de semestre... provas. Fui à cozinha e lá estava ela... uma gata me olhando da janela. Não é todo dia que ela está lá. Ela vem quando quer... mostra interesse da mesma forma. Antes mantinha distância, me fitava de longe. Quando quer chamar minha atenção caminha de um lado ao outro ou arranha o vidro. Tento ignorá-la mas não consigo, abro o vidro estendo a mão e ela vem... ronronando com um olhar intenso. Então eu pensei "...eu não sou sua dona por quê vens a minha janela?"

Felina... sagaz... misteriosa... Depois que ela se foi logo me veio você na cabeça. Analogia na certa:  não sei onde você mora, não sei o que você quer, surgiu do nada... também não é meu... mas mexe comigo. A questão é que eu ainda não sabia como agir, tentava pegar a gata no colo... bichinha arisca... mantinha-se na janela onde inteligentemente controlava.
Passei alguns dias só, você sumiu. Tudo resolvido, pois já era de se esperar... é da natureza dos gatos. E hoje ao olhar a janela vazia Clarice soprou aos meus ouvidos, consolando-me quanto a frieza felina:


"...Suponho que me entender não é uma questão de inteligência 

     e sim de sentir, de entrar em contato... Ou toca, ou não toca..." 
( Clarice Lispector)     
                                                          
                                                                                                               *Autoria: Carla França - Ago/2009.                                                                                      


Poesia no Divã (Mário de Sá Carneiro)

Você já reparou que há alguns anos o Metrô de São Paulo ganhou poesia em algumas paredes cinzentas? Tá certo que com tanto caos neste meio de transporte fica difícil reparar na beleza dos versos tatuados em alguns espaços. Este aqui é do poeta português Mário de Sá Carneiro, desta coleção este é um dos meus favoritos. Acho lindíssimo, mas, se eu pudesse reescrevê-lo mudaria apenas uma palavra e ele ficaria assim:

"...Eu não sou eu nem sou o outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
Pilar da ponte: A arte
Que vai de mim para o Outro..."

E você? Como deixaria este trecho em vermelho? Mudaria ou manteria o original?

* Foto retirada na Estação do metrô Clínicas

Sexualidade: A descoberta

menino olhando pipiEmbora estejamos no século XXI falar sobre sexualidade ainda remete a vários tabus ou a utilização este termo somente para se referir ao ato sexual. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) "a sexualidade humana forma parte integral da personalidade de cada um. É uma necessidade básica e um aspecto do ser humano que não pode ser separado de outros aspectos da vida [...] A sexualidade influencia pensamentos, sentimentos, ações e interações e, por isso, influencia também a nossa saúde física e mental". A descoberta da sexualidade começa na infância apesar de muita gente não concordar com isto, qualquer pessoa que tenha contato com bebês já deve ter visto a curiosidade com que eles exploram o corpo. Os apelidos que os adultos dão para os órgãos sexuais nestas situações (pipi, passarinho, bilau, perereca, periquita, perseguida, menina, borboletinha, bigulim, pirulito, etc...) mostram a dificuldade de falar sobre isso. Falar sobre sexualidade é falar sobre o corpo, sua exploração, comportamento, individualidade e as sensações envolvidas  nas descobertas que serão realizadas durante a vida inteira.

Culturalmente mulheres e homens entram em contato com sua sexualidade diferentemente. Quando um menino mostra ou toca o próprio pênis é muito comum a família rir ou brincar com a situação, entretanto, quando acontece isso com a menina geralmente é encarado de outro modo. Alguns estudiosos relatam que a própria estrutura fisiológica dos órgãos sexuais influenciam e diferenciam simbolicamente o contato com o próprio corpo ( o pênis fica a "vista", já a vagina fica "escondida") .
Há uma cena do filme Tomates Verdes Fritos onde uma das personagens principais (uma mulher de meia idade, perdida na mesmice do casamento de muitos anos e chegando a menopausa) participa de sessões de terapia em grupo com outras mulheres em busca de explorar a feminilidade e a palestrante distribui um espelho a cada participante para que elas observem a própria vagina, causando um verdadeiro espanto. 

Independente do gênero é importante ressaltar que o contato consigo mesmo denota autopercepção e consciência de si mesmo, fatores que são sinônimos de qualidade de vida e maturidade.
"Estamos acostumados a sentir que nossos corpos são meros veículos, 
nos quais somos obrigados a viver. No entanto, o corpo "somos nós mesmos", 
e, apesar disso, ele nos parece completamente estranho". (Alan W. Watts).


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