Efeito Matrix: Realidade ou ficção?


efeito matrix
Na quinta feira passada acordei atrasada, rapidamente me arrumei e fui para o ponto de ônibus a caminho do trabalho ainda sonolenta. A frente do ponto há um mercadinho, de lá eu vi sair um homem que estava indo em direção a um carro com um bebê e pães. Imediatamente eu pensei "nossa, já vi essa cena antes" e em seguida vi uma moça loira descendo a rua para minha surpresa. O moço e a loira eu vejo com certa frequência, porém com a diferença de uns 10 minutos entre eles e era a primeira vez que eu os via simultaneamente. Admirada com a situação logo lembrei do filme Matrix onde há uma cena onde o Neo é informado que o famoso "Deja vu" é resultado das falhas na Matrix (realidade virtual). Não duvido da veracidade do ocorrido, porém, ao lembrar da famosa cena e da reflexão que o filme proproe fui tomada por uma inquetação imensa pelo seguinte questionamento (relembrando a dúvida metódica de Descartes): Será que realmente existe uma realidade paralela a nossa?

No filme o ser humano buscou a alta tecnologia exaustivamente até alcançar um grau inimaginável: a Inteligência Artificial. Transcorrido o tempo, o criador torna-se refém da criatura, há a total inversão dos papéis e o homem é reduzido a uma simples fonte de energia. A máquina ganha o controle, o humano torna-se um mero espectador de um cenário maior, puramente mecanicista. O inesperado, lugar fértil para as ricas incertezas da vida, deixa de existir. A criticidade abre espaço para a alienação em massa e no mundo dos homens tudo passa a ser calculado, esperado, previsível, assim como nós inocentimente idealizamos.

despreocupadaSerá que existe alguma analogia com o tramite da humanidade? Quando ligamos no "automático" e temos uma rotina a espera por algo estático, constante, repleta de conformismo não soa como alienação? Será que meu questionamento foi trazido pela vaga sensação de previsibilidade que surgiu naquele momento sonolento? Bom, o ônibus que eu estava esperando não passou no horário (não completando a sequencia do deja vu), então, tive que mudar meu trajeto e enquanto eu caminhava para o outro ponto suspirei ironicamente dando fim àquela reflexão tão densa: "Ufa... ainda bem que tudo foi só um devaneio... na minha realidade o ônibus atrasa".

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2 comentários:

Helena Bray disse...

Um artigo muito interessante! Costumo abordar esta questão da realidade ou ficção, em Filosofia, a propósito dos problemas do conhecimento.
Agradeço o simpático comentário que registou no Blogue - Associação Livre Psicologia B. Sou professora de Filosofia e de Psicologia e, já agora convido-a a visitar o Blogue Jornal de Filosofia http://jornaldefilosofia-diriodeaula.blogspot.pt/ .
Também lhe dou os parabéns pelo seu Blogue, que embora muito no início, já se revela com grande interesse!

Ana Lígia disse...

Eu gostei do seu texto, você escreve muito bem. E esta reflexão é muito pertinente. Gosto demais dessa trilogia, gosto de tudo que envolva mundos paralelos, dimensões, teorias mirabolantes... principalmente as que fazem pensar. Não costumo ter déjà vus, mas sempre fico perplexa quando acontece.